Trump vai avançar para um terceiro mandato à frente do EUA? “Provavelmente não”, diz o próprio

A afirmação foi feita numa entrevista ao canal CNBC, durante o programa Squawk Box, onde respondeu a uma questão direta sobre uma possível terceira candidatura presidencial.

Pedro Gonçalves
Agosto 5, 2025
16:33

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou esta terça-feira que “provavelmente não” voltará a concorrer à presidência em 2028, embora tenha sublinhado que mantém níveis de popularidade recorde. A afirmação foi feita numa entrevista ao canal CNBC, durante o programa Squawk Box, onde respondeu a uma questão direta sobre uma possível terceira candidatura presidencial.

“Gostava de concorrer. Tenho os melhores números nas sondagens que alguma vez tive”, afirmou o presidente, reforçando o seu habitual discurso de autovalorização perante os media.

Contudo, a possibilidade de um terceiro mandato enfrenta um obstáculo constitucional claro. A 22.ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, ratificada em 1951 após a presidência de Franklin D. Roosevelt, proíbe qualquer pessoa de ser eleita para mais de dois mandatos presidenciais. Esta limitação aplica-se mesmo que os mandatos não sejam consecutivos, como é o caso de Trump, que cumpriu o seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, tendo regressado à Casa Branca após a vitória nas eleições de 2024.

Apesar da limitação legal, o próprio Trump — assim como vários dos seus aliados — tem alimentado publicamente a ideia de um eventual regresso, procurando formas alternativas de se manter no poder para além de 2029. Entre os cenários equacionados estão uma eventual revogação da emenda constitucional ou até uma candidatura à vice-presidência, com a possibilidade de reassumir a presidência em caso de vacatura do cargo.

Segundo o Politico, o presidente já havia deixado pistas em março passado, numa entrevista à NBC, quando declarou que “há métodos” para regressar ao cargo, sem especificar quais. A resposta foi interpretada por muitos como uma tentativa deliberada de manter a base de apoio mobilizada e de testar os limites legais e políticos do sistema.

Em declarações à imprensa, Steven Cheung, diretor de comunicação da Casa Branca, reagiu às especulações insistindo que Trump está focado no presente. “Os americanos apoiam esmagadoramente o presidente Trump e as suas políticas America First. Como o presidente disse, é demasiado cedo para pensar nisso — ele está focado em desfazer todo o mal causado por Biden e em tornar a América grande novamente”, afirmou Cheung numa nota enviada aos jornalistas.

Apesar das declarações de prudência, os sinais de preparação para 2028 são visíveis. Na loja oficial de merchandising da campanha de Trump, já estão à venda produtos com o slogan “Trump 2028”. Um dos artigos em destaque é um boné com pala alta, promovido com entusiasmo:

“O futuro é promissor! Reescreve as regras com o boné de pala alta Trump 2028”, lê-se na descrição do produto online.

Esta aparente contradição entre as palavras do presidente e a promoção de um ciclo eleitoral onde legalmente não poderá participar reacendeu o debate sobre o respeito pelas normas democráticas e os limites do poder presidencial.

Especialistas em direito constitucional norte-americano têm sublinhado que, para Trump concorrer novamente, seria necessária uma alteração formal à Constituição, o que exige a aprovação de dois terços do Congresso e a ratificação por três quartos dos estados — um processo politicamente improvável, mesmo com apoio popular.

Entretanto, os apoiantes do presidente continuam mobilizados, e a sua equipa mantém ativa uma retórica de combate político que prolonga a tensão sobre o futuro da presidência norte-americana. Ainda que Trump tenha dito que “provavelmente” não será candidato, muitos analistas acreditam que a ambiguidade da sua resposta faz parte de uma estratégia deliberada para manter-se no centro do palco político e preservar intacto o seu capital eleitoral.

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